28 de ago. de 2013

O CENTRO

Quando era menor, eu odiava andar pelas ruas do centro de Curitiba, toda aquela gente me assustava, todos juntos, andando rápido e ao mesmo tempo. Eu apertava forte a mão da minha mãe a apenas torcia para que o "passeio" acabasse logo.
O tempo passou e eu, que tinha calafrios apenas em mencionar a palavra, me mudei para uma cidade relativamente menor que Curitiba, porém, o bairro escolhido para essa aventura foi o que mais me apavorava.
Moro na esquina de uma rua qualquer com a rua principal, isso me faz ficar apenas 16 passos de distância do ponto turístico mais importante, o que de fato é lindo quando visto da janela do 8º andar do segundo prédio mais velho da cidade, porém, isso não muda o fato de que, sim... Eu moro no centro. 
Demorei para me acostumar, mas depois de quase três anos, já me adaptei e consigo vencer a vontade de ir à padaria de pantufas e calça de pijama, mais uma vez, eu repito: Nada melhor do que o tempo para nos fazer acostumar e vencer velhos hábitos.
O tempo passou e meu ódio pela região central foi passando, a vista da minha janela foi ganhando mais e mais da minha atenção e agora se tornou meu lugar favorito. 
Agora eu gosto de observar as ruas do centro, toda a movimentação rápida, as milhares de pessoas seguindo o mesmo rumo para caminhos diferentes, o tempo passando e tudo se acabando quando os sinos da Catedral informam que já são 18h00..
Talvez o problema seja que, a magia que fica depois dos sinos, poucas pessoas conseguem ver, os caminhos tortos que pessoas sem rumo nenhum tomam depois que as luzes fortes se apagam e o centro "morre", é a vista que nem todo o 8º andar de um prédio tem.

21 de ago. de 2013

PASSOU!

Acordei e não senti nada. Foi estranho, era como se você finalmente e definitivamente tivesse ido embora.
Levantei e nossa foto não estava na cabeceira da cama, os seus bilhetes prometendo um pra sempre que não durou não estavam pendurados no painel ao lado da porta e eu não tinha mais um anel no dedo.
Fontes seguras me afirmam que já fazem 221 dias mas, por algum motivo, que acredito ser esotérico, eu ainda sentia que estávamos juntos até hoje, até essa manhã, quando o despertador tocou e a minha última ficha caiu. Foi uma surpresa, uma coisa incrível, descobri que existe vida fora de uma caixa de sapatos cheia de lembranças.
Foi assim que a vida me mostrou, numa terça-feira ensolarada, que passou. A vida passou e eu não vi, chorei, sofri, achei que seria o fim do mundo todo o dia da semana, mas não foi, tudo passou.
E quem diria, parece até uma grande ironia, mas eu descobri que sou feliz!

14 de ago. de 2013

O PESSIMISMO

Quando eu era mais nova, tinha pesadelos horríveis com Voldemort, o vilão da saga Harry Potter. Depois que cresci, comecei a ter sonhos bizarros com um cachorro que andava apenas com as patas traseiras e me perseguia em todos os lugares. Até que um dia um amigo me deu um Dream Catcher (ou filtro dos sonhos, como preferir) e os sonhos pararam, não completamente, mas começaram a diminuir a frequência.
Fui procurar saber mais sobre esses filtros "mágicos" e no segundo que apertei a tecla Enter no Google, milhões de histórias pularam nos meus olhos, todas elas diziam que o Dream Catcher não te impede de ter pesadelos, afinal, por trás de uma coisa ruim existe uma coisa boa, então ele apenas filtra os sonhos que tem mensagens boas para seus donos.
Me peguei pensando nas pessoas pessimistas, aquelas que nunca conseguem ver o lado bom de nada... Nessa caso, o filtro funciona ou é só mais um penduricalho na janela do quarto?
Estou no meio dessa gente também, embora eu credite em positividade, em plantar o bem e colher os melhores frutos mais tarde e em todas essa história cósmica de que o universo gira ao nosso favor,  tenho os meus momentos, também acredito que as únicas coisas que não tem um lado ruim são os LPs do Engenheiros do Hawaii.
Com o tempo eu descobri que a magia por trás do filtro dos sonhos, somos nós mesmos que fazemos, somos nós que fazemos o mundo girar ao nosso favor e somos somente nós que possuímos as sementinhas do bem, aquelas dos melhor frutos.
Talvez o problema seja que, para quem não tem um Dream Catcher e nem boa vontade, o lado ruim é sempre mais atraente.

7 de ago. de 2013

EU NÃO SEI!

Não sei se acredito na teoria do “Big Bang" ou que o homem veio do macaco. Não sei em quem vou votar nas próximas eleições e nem qual será a cor das minhas meias amanhã. Não sei se prefiro doce ou salgado e nem qual é minha música preferida. Não sei como fritar ovos e não decorei a formula de Bhaskara. Não entendo a maioria das piadas que me contam e demoro a sacar a ironia de uma frase. Não sei se o ovo veio antes que a galinha nem se os cachorros vêem tudo preto e branco mesmo. Não sei falar espanhol nem forçar algum sotaque. Não sei fazer estrogonofe nem tenho qualquer habilidade na cozinha. Não sei tocar violão nem sei o tipo sanguíneo do meu cantor predileto. Não sei se Engenheiros do Hawaii agrada a todos como eu penso que agrada nem porque sou tão apega às coisas e momentos que já passaram da “data de validade". Não sei por que tenho uma tendência a gostar de pessoas erradas, nem porque choro compulsivamente vendo filmes, lendo livros, ouvindo músicas, respirando. Não sei por que sinto falta de quem não merece e nem porque comecei a pensar em tudo o que eu não sei… Não sei por que, assim, de repente, me dá uma vontade de escrever sobre tudo, sobre todos e também não sei por que, sempre acabo escrevendo sobre mim.
Não sei, mas talvez o problema de tudo é que sou um clichê ambulante e egoísta.