27 de nov. de 2013

D.

Conheço o Di  já fazem alguns anos, três ou quatro, não sei muito bem, não lembro quando comecei a levar a nossa amizade a sério, mas isso não é o que importa, o fato é que, depois de todo esse tempo, eu e ele criamos um tipo de intimidade que é simplesmente… Atípica.
O Di é um ano mais velho que eu, nos conhecemos por amigos em comum e o nosso “santo bateu” instantaneamente, parece que somos melhores amigos desde a nossa primeira conversa. Ele é minha versão masculina e, como costumamos brincar, é meu pulmão direito, sendo assim, eu até poderia viver sem ele, mas seria desconfortável e muito trabalhoso.
Não preciso pensar muito para dar a certeza de que o Di é uma das pessoas mais incríveis que já conheci, é do tipo de amigo que atende o telefone às três horas da manhã para ouvir seus problemas sem reclamar  e ainda dá conselhos ótimos, te faz dar inúmeras risadas quando o resto do mundo está de mau humor e, principalmente, não tem medo de ser sincero.
Uma das coisas que eu mais gosto em qualquer relação, seja ela esta que tenho de amizade com o Di, ou não, é a capacidade de sinceridade mútua, sem medos, sem vergonhas, sem mentiras, apenas o que precisa ser dito e da forma que precisa ser dita. Esse lance de entrelinhas nunca funcionou para mim, preciso de coisas claras, e o Di sempre foi muito bom em fazer isso por mim, com seus puxões de orelha quando necessário.
Tudo isso é muito lindo, toda essa amizade/irmandade que construímos é maravilhosa, me orgulho muito dela, porém, tem seu ônus, que chega a ser muito engraçado.
O momento em que se perde a vergonha e se ganha a liberdade é o verdadeiro problema, liberdade para cutucar o nariz, usar os sapatos que dão chulé sem preocupação, falar sobre ciclo menstrual, reclamar do namoro, anunciar quantas vezes por dia vai ao banheiro, chorar, rir, gritar e xingar acabam fazendo parte de uma rotina louca, que poucas pessoas tem o prazer de ter.
Então, para concluir, fica o meu “Valeu aí, irmãozoca” ao problema da semana, que me dá esse prazer inenarrável de ter, sem sombra de dúvidas, o melhor tipo de amizade.

20 de nov. de 2013

A ESQUIZOFRENIA

De vez em quando, acho que deveria gastar um tempo agradecendo por meus pensamentos serem silenciosos.
Essa semana, um amigo me mostrou, em uma revista online, uma matéria sobre esquizofrenia. Alguns estudos científicos agrupados que dissertavam sobre como a mente de pessoas com este distúrbio funciona e a essa tal matéria terminava com um áudio simulando o que se passa com eles. 
Confesso que não ouvi até o final, aturei apenas por 2 minutos. É angustiante, apavorante... Milhares de pensamento por segundo, ecoando em voz alta, em tons diferentes, ritmos diferentes, como se suplicassem por algo que não pode ser dado. 
Pensei em mim, que raramente fico completamente parada, quando algo exige minha atenção, minha mente foca, mas meus pés balançam e minha mão procura por alguma caneta retrátil na ânsia pelo "tic-tic-tic-tic", e eu pensava que esse era um problema, agora vejo que está longe de ser. 
Fui dormir imaginando em como seria frustante e agonizante não conseguir organizar meus próprios pensamentos, as únicas coisas que são, de verdade, nossa. Sem exageros, me deu um nó na garganta. 
Talvez o problema independa da organização e da vontade, talvez sejam as vozes mais graves que comandem tudo.


13 de nov. de 2013

O PLANEJAMENTO

A vida deixou de ser espontânea, isso me preocupa.
Nunca programei nenhum texto aqui no blog, primeiramente porque, na única vez que tentei fazer, algo deu errado e eu só percebi que o texto não foi publicado alguns dias depois. O outro motivo é que, em minha opinião, o texto perde seu encanto, sua graça.
Por algum motivo, que eu desconheço, isso não se aplicava a minha vida. Fora do blog, eu sempre gostei de ter tudo planejado, não como uma rotina, mas certamente como um plano.
Digo que não se aplicava, com verbo no passado, porque a vida me bateu de novo.
Apanhei feio de um plano, que eu julgava ser infalível, e comecei a aprender a lidar com os imprevistos da vida.
Às vezes chove, às vezes a carta não chega, às vezes o mundo gira contra nós, mas com certeza a favor de algo, às vezes, as vezes não tem crase e às vezes não funciona.
Um dos meus poemas favoritos, é o "E agora, José?" de Carlos Drummond de Andrade que diz
" a noite esfriou, 
          o dia não veio, 
          o bonde não veio, 
          o riso não veio 
          não veio a utopia 
          e tudo acabou 
          e tudo fugiu 
          e tudo mofou, 
          e agora, José? "
E agora, o que fazer? Talvez o problema seja que nem eu, nem José e nem Drummond sabemos. 

6 de nov. de 2013

MEU IRMÃO

Nessa semana, a decoração natalina começou a se espalhar por todos os cantos da minha cidade e, confesso, eu fiquei meio desesperada.
Tem algo na época de final de ano que me deixa angustiada. Não gosto de fins, adoro começos, então toda essa ânsia pelo começo do novo ano e a nostalgia pelo final do atual, fazem uma bagunça em mim.
E foi exatamente isso que aconteceu, ontem eu acordei cedo o suficiente para ver as luzes vermelhas ainda acesas na decoração de um poste na rua, isso bastou para virar minha mente do avesso e me trazer mil e um pensamentos, 90% deles nada agradáveis.
Então, com aquela montanha-russa de emoções em mim logo cedo, resolvi acionar minha válvula de escape: Meu irmão.
Sete anos mais velho, uns bons centímetros mais alto e 110km mais longe, resumidamente.
Além de irmãos, somos melhores amigos, cúmplices e aliados. O Eduardo é o que eu tenho de mais importante e é ele que me salva da vida quando a tsunami de problemas aparece.
Eu o afoguei nos meus questionamentos e, principalmente, nos meus medos sobre o ano que está por vir e, depois de ter me ouvido falar sobre tudo, ele apenas perguntou "Você já tem texto para amanhã?" eu respondi que não e, alguns minutos depois, isso me aparece:
"Desde os sete anos (hoje com 24) vivi com esta pessoa que escreve para vcs em toda terça que vira quarta sobre várias teorias de qual seria o real problema da vida, se é que ele existe. Como todo bom irmão mais velho,  tentei ao máximo seguir “A Cartilha”, que diz que sempre devemos ser bons exemplos para nossos irmãos, porém, nunca podemos perder a oportunidade de fazer com que nossos irmãos mais novos aprendam algo útil (nem que isso signifique sacaneá-los). Como só tenho uma irmã, ela recebeu toda minha atenção (em ambas as partes), mas, ao contrário de mim, que sempre me dei bem com números, lógica e blá, desde pequena ela demonstrou uma imensa capacidade de comunicação e criatividade. Infelizmente o que é comum é dado como certo (talvez esse seja um possível problema) e sempre houve uma mosca no ouvido da minha irmã que insinuava “tá, tá, legal, mas tudo isso que cabe na sua cabeça não é nada genial”. E mesmo não havendo problema nenhum ela começou sua busca incessante por respostas. Ela cresceu (muito rápido) e eu sempre a vi muito feliz e muito triste e muito mal humorada e muito feliz e ansiosa... e sei que ela vai continuar assim, mas ano que vem vai ser diferente, ano que vem vai ter mais um problema, ano que vem vai ter algo chamado insegurança, mas quer saber o que eu acho? Eu acho que ela sente insegurança pelo simples fato que ela nunca foi posta REALMENTE a prova e por isso não sabe o potencial que tem. Acho que talvez o problema seja que não aceitamos quem nós somos e tentamos ser como todo mundo para sermos, dessa forma, talvez, uns mais iguais que os outros."
Resolvendo todos os problemas, lindo, sete anos mais velho, uns bons centímetros mais alto e 110km (que nada separa) mais longe. Simples assim, deixando como conclusão de hoje que: Talvez não exista problema nenhum que uma boa dose de auto-estima e confiança não resolva.