E se eu não tivesse atendido aquele telefonema de madrugada que mudou minha vida?
E se não tivessem regravado a música do Frejat e transformado ela em um sertanejo de gosto duvidoso?
E se eu tivesse aprendido a falar mais devagar e digitar com mais atenção, por acaso faria alguma diferença?
É impossível não pensar nos caminhos alternativos que a vida poderia ter seguido.
E se minha mãe tivesse se atrasado ou, por algum outro motivo, não conseguisse pegar o ônibus com meu pai na noite em que eles se conheceram, há trinta anos atrás? Aonde eu estaria?
As vezes acho tão injusto pensar que haviam 10.001 destinos por aí, e a gente pode escolher só um, o que acontece com os outros 10.000? Em uma teoria completamente patenteada por mim, eles deveriam virar pontos.
Algo como créditos positivos no caso da escolha de destinos errados. Mas aí que está o problema: como julgar se o destino foi errado ou não? Só depois de ter seguido boa parte de caminho que o julgamento poderia ser feito, afinal, a gente só deve falar com propriedade de algo que conhecemos de fato, caso contrário, é credibilidade jogada fora.
Como já comentei aqui, facilitaria a vida, se o rumo certo, o caminho mais curto fosse sinalizado, quase como se o GPS gritasse "para ser feliz, siga por 20km em linha reta e depois vire a direita", como se houvesse luzes piscando ou uma grande placa com flechas e um letreiro enorme que diria "É ESSE!!".
Mas qual seria a graça? E se, por isso, não existissem problemas? E se a gente perdesse toda a diversão, o poder de escolha e a liberdade de errar?
Meus fantasmas se recusam a me responder, fico então me perguntando: E se eu, amanhã ou depois, notar que esse não foi o destino certo? Será que após dezoito anos, meus créditos para mudança de destino emergencial ainda estão válidos?