26 de mar. de 2014

"E SE..."

Humberto Gessinger uma vez me deu a melhor definição disso: três letras, uma eterna pulga atrás da orelha. O "E se" é uma usina criadora de fantasmas inevitáveis.
E se eu não tivesse atendido aquele telefonema de madrugada que mudou minha vida?
E se não tivessem regravado a música do Frejat e transformado ela em um sertanejo de gosto duvidoso?
E se eu tivesse aprendido a falar mais devagar e digitar com mais atenção, por acaso faria alguma diferença?
É impossível não pensar nos caminhos alternativos que a vida poderia ter seguido. 
E se minha mãe tivesse se atrasado ou, por algum outro motivo, não conseguisse pegar o ônibus com meu pai na noite em que eles se conheceram, há trinta anos atrás? Aonde eu estaria?
As vezes acho tão injusto pensar que haviam 10.001 destinos por aí, e a gente pode escolher só um, o que acontece com os outros 10.000?  Em uma teoria completamente patenteada por mim, eles deveriam virar pontos. 
Algo como créditos positivos no caso da escolha de destinos errados. Mas aí que está o problema: como julgar se o destino foi errado ou não? Só depois de ter seguido boa parte de caminho que o julgamento poderia ser feito, afinal, a gente só deve falar com propriedade de algo que conhecemos de fato, caso contrário, é credibilidade jogada fora.
Como já comentei aqui, facilitaria a vida, se o rumo certo, o caminho mais curto fosse sinalizado, quase como se o GPS gritasse "para ser feliz, siga por 20km em linha reta e depois vire a direita", como se houvesse luzes piscando ou uma grande placa com flechas e um letreiro enorme que diria "É ESSE!!".
Mas qual seria a graça? E se, por isso, não existissem problemas? E se a gente perdesse toda a diversão, o poder de escolha e a liberdade de errar? 
Meus fantasmas se recusam a me responder, fico então me perguntando: E se eu, amanhã ou depois, notar que esse não foi o destino certo? Será que após dezoito anos, meus créditos para mudança de destino emergencial ainda estão válidos?

19 de mar. de 2014

FALTA DE ATENÇÃO

Creio que, por dia, milhares de pessoas saem de casa usando chinelos de dedos, e se existe a mais remota chance de UMA destas pessoas, por acidente, pisar em falso e acabar com um dedo quebrado por conta disso, esta pessoa sou eu.
Milhões de pessoas fazem brigadeiro de panela em suas casas se, por obra do destino, alguém obter queimaduras de segundo grau por, absolutamente sem intenção, derramar o doce quente em sua mão, esse alguém sou eu.
Inúmeras pessoas perdem suas carteiras com sua documentação e, por conta disso, necessitam fazer um B.O... Se existe uma boa alma, desprovida de toda e qualquer atenção existente, é capaz de necessitar fazer esse procedimento por 5 vezes, esta sou eu.
Durante algum tempo, eu associei esses acontecimentos à falta de sorte, mas ai caí na real, a culpa não é das estrelas, é minha. 
Sempre fui desatenta, o que por muitas vezes irrita meu pai perfeccionista e diverte minha mãe super-organizada, é um ponto de equilíbrio bom para a nossa casa.
Tropeços e hematomas vindo de não-sei-onde acontecem com uma frequência assustadora, o que me obrigou a fazer um kit de primeiros socorros e o manter sempre na bolsa... O perdi também. 
O problema é que me acomodei tanto com isso que já não me incomoda de jeito nenhum, evito ao máximo objetos pontiagudos, quina de móveis e até escadas rolantes (por precaução mesmo, a gente nunca sabe o que pode acontecer...)
"Desastrada" virou meu melhor adjetivo, embora eu ache muito pejorativo, é o melhor jeito de dizer que não sei seguir caminhos tortos, ou é linha reta, sem nada atrapalhando, só eu e meus problemas, ou não dá. 
Logicamente sobrevivo, mas conto com a ajuda dos pontos/queimaduras/ossos quebrados para contar a história. 

12 de mar. de 2014

"SOLIDÃO"

Ser sozinha é diferente de estar sozinha, isso é algo necessário de se manter sempre em mente.
Às vezes, como todo o mundo, me vejo cercada de gente e me sinto só, parece que todo o vazio das pessoas à minha volta me preencheu, não cabe mais nada, só solidão.
Quando eu era menor, tinha muitos amigos e todos eles faziam parte de um mesmo grupo, andávamos sempre juntos mas, quando cresci, devido à inúmeros fatores, nós nos distanciamos, e depois disso, nunca mais consegui manter um grande grupo de amizades, algo sempre atrapalhava em algum ponto e nos separávamos.
No meu atual (e pequeno) grupo de amigos próximos, eu me dei conta que sou a única garota solteira, mas espera aí, eu deveria me sentir mal por isso? Em ano de vestibular, essa deveria ser minha prioridade?
Uma vizinha esta semana me perguntou como era possível eu não ter um namorado, o que meus pais achavam disso? Eu não estava preocupada? Ficar sozinha não me apavora?
Achei graça, a senhora do 201 certamente não sabia a diferença entre ser/estar, e naquele passeio de elevador apressado no meu tempo entre o almoço e o cursinho, eu não tinha paciência para tentar fazer com que ela entendesse que de fato estou, mas não sou, isso soa até engraçado.
As pessoas me apontam com tanta certeza o caminho que eu deveria seguir, e se vêem tão decepcionados quando eu não os sigo, talvez elas não vejam o principal problema, se esquecem dos detalhes mais importantes de toda essa história: eu e as minhas vontades.

5 de mar. de 2014

UM TCHAU

Cansei de escrever sobre fins e começos por aqui, mas desta vez não tem como fugir.
Nesta sexta-feira uma fase vai chegar ao fim. Foi algo que durou mais de um ano, e será "destruído" em poucas horas, ou será que não?
É engraçado como o sólido facilmente se desfaz em nossa frente mas o significado por trás dele fica, é como o World Trade Center, demorou cerca de seis anos para ser construído, foi ao chão em menos de 2 horas, e mais de dez anos depois, o local ainda guarda marcas e memórias do acontecido.
O meu período de estágio no banco, não foi nem um pouco fácil, todos os 518 dias foram como novos desafios, uma troca justa, eu dei o melhor de mim e recebi em troca muito aprendizado, coisas além do ambiente bancário, aprendi a trabalhar com uma equipe e mesmo assim, aprendi a ter independência e "peito" pra bater de frente por aquilo que eu achei certo durante todo esse tempo. 
Um pedaço de papel formalizava e fazia por sólio o trato que era verbal, uma troca de favores além de qualquer contrato, uma questão de cumplicidade que o tempo fez questão de formar, uma equipe enorme que tomou enorme tempo e dedicação. 
Conheci muita gente nesse meio tempo, vi muita gente chegando, muita gente indo embora, muita gente que ama o que faz e muita gente que apenas precisava estar lá, aprendi a lidar bem com idas e vindas e a usar minhas máscaras sociais, aprendi a ter calma e me colocar no meu lugar e também, uma coisa que considero importante demais, aprendi a lidar com as pessoas. 
Numa tarde quente de novembro, eu passei pela porta giratória pela primeira vez, e não tinha ideia da proporção que iria tomar. Eu não fazia ideia que aquilo ia mudar quem eu sou, mas olha só, quem diria... 
O contrato quebrou, tudo foi acertado e um bolo depois do expediente vai por fim no período que mudou minha vida para sempre, e o que restou?
Restou a certeza de que a minha cadeira não vai ficar vazia, logo alguém com a mesma sorte que eu tive, viverá tudo isso, toda a intensidade do horário aberto ao público e toda a magia por trás das 16h, quando até a gerente mas malvada, se rende à risadas. 
Pra acabar isso de um jeito certo, eu quero muito agradecer. Eu sei que não foi fácil pra ninguém lá dentro, é difícil se adaptar e ter paciência com os novatos (sei bem disso), mas quem trabalhou comigo fez um trabalho incrível, tenho muito orgulho de dizer que trabalhei no banco com as melhores taxas (fica aí o merchan). Deixo meu MUITO OBRIGADA a quem caminhou comigo e me deu a direção do caminho das pedras, sem vocês eu já teria desistido à algum tempo atrás e aí, talvez sim, teríamos um problema.