8 de mai. de 2013

NÓS

Foi em uma madrugada fria e de lua cheia que eu percebi que, mesmo contra a minha vontade, ainda era você.
A casa agora cheirava a lavanda, meu aroma preferido, o que me incomodou e fez lembrar de quando isso era quebrado pelo cheiro do cigarro que você acendia, se acomodava no meu colo e me ouvia reclamar sobre a fumaça que tomaria conta das cortinas da sala, aquelas que, depois de muita discussão, resolvemos que combinaria com a cor do nosso sofá.
Me encostei na parede que dividia a sala com a cozinha e ali fiquei, olhei a minha volta... A mobília da casa era nova, os papéis de parede também e o mesmo se dava para a cor do meu cabelo. Tudo estava ajustado para uma vida sem você, ou pelo menos era aquilo que eu queria que estivesse acontecendo. 
Fui preparar um café. Quatro colheres de Nescafé, duas de açucar, 250ml de leite desnatado aquecido durante dois minutos e exatos treze segundos no microondas. "Eu te amo e . final" era o que dizia a caneca que me dera no nosso último aniversário de namoro e, naquele instante, me pareceu reconfortante usa-lá.
Voltei para a sala e me debrucei no parapeito da janela, encarei a lua por algum tempo e me perguntei se, em algum lugar, mais ou menos 210km longe de onde eu estava, você também estava sentindo falta.
Pensei em te ligar, a ideia de ouvir sua voz me confortava, mas a certeza de que tudo iria acabar em discussão me fez desistir.
Fico então nesse dilema, há tempos eu venho escrevendo sobre alguns problemas, mas nenhum deles me leva até a solução do principal de todos eles, o que anda tirando o meu sono já faz tanto tempo... Qual foi o NOSSO problema?
Por algum tempo, eu culpei a distância entre nós pelo fracasso do nosso relacionamento, mas hoje eu pensei se isso era mesmo justo. Brigávamos quando havia distância e quando não havia também, mas quando era para nos resolvermos... Nossa reconciliação era sempre a melhor, cheguei a pensar que algumas das nossas inúmeras brigas foram apenas para a bandeira branca ser levantada no final das contas. 
Para ser mais sincera do que deveria, acho que o problema se deu pela falta de dosagem de ambas as partes, nós não sabíamos como dosar tudo aquilo que fomos, queríamos nos gabar da nossa forma auto-suficiente de amor e, no fim, acabamos com ela. 

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