O ano letivo mal começou e eu já perco as contas de quantas vezes ao dia ouço a palavra "vestibular".
Embora eu já tenha tenha certeza da minha área de interesse, resolvi fazer um teste vocacional. Recebi a resposta por e-mail hoje de manhã, no princípio sobre coisas que eu já sabia, minha facilidade com as ciências humanas e firmando que exatas está longe de ser uma opção de carreira mas, algo ao final daquela resposta me chamou a atenção.
"Por fim, analisando suas respostas, Srta. Juliana, nos cabe fazer uma pequena observação:
É necessário proteger-se contra a tendência de confiar demais em seus instintos, uma vez que julga estar sempre sujeita a ser incompreendida e/ou explorada por terceiros. Importante continuar procurando uma união de intimidade tranquila/compreensiva com o que se faz, para que possa haver perfeito entrosamento.
Seu principal problema é a ansiedade e a insatisfação continua, seja com as circunstâncias do momentos ou com exigências emocionais irrealizadas, isso é o que te provoca tensão. Ao invés de procurar fugir, ocultando sua insatisfação por trás de uma afirmação orgulhosa, porém ilusória de independência, aproveite de sua aptidão para entender o funcionamento racional humano para resolver pendencias"
Em dezoito anos, sempre foi difícil falar sobre mim mesma, me descrever é um dos maiores desafios, porém, um desconhecido que se baseou em 19 respostas conseguiu fazer isso em oito linhas, uma boa média.
Talvez meu principal problema seja mesmo a ansiedade, ou talvez seja o modo como eu lido com ela, isso ainda não sei dizer, quem sabe num dia desses eu descubra... Caso contrário respondo o tal e-mail com algo parecido com "Por favor, me conte mais sobre mim, gostei de saber tanto ao meu respeito."
27 de fev. de 2014
19 de fev. de 2014
A CONJUNTIVITE
No domingo a noite, tudo ia muito bem, até que uma conjuntivite horrível resolveu me visitar. Segunda-feira, quando acordei de manhã, não conseguia enxergar nada que acontecia do lado direito do (meu) mundo, e não demorou muito para uma onda de mau-humor invadir minha praia.
Logo eu, que gosto tanto de ter certeza de tudo ao meu redor, estava conseguindo distinguir pouquíssimas coisas que aconteciam.
Lembrei então da minha avó que, com 80 anos, perdeu boa parte da visão "graças" a uma cirurgia mal feita, e agora, confunde os membros da nossa família com uma facilidade tremenda, uma junção entre a idade que avançou e a visão que regrediu.
Ainda assim, com uma porcentagem incrivelmente grande da visão comprometida, ela consegue saber que eu engordei muito desde a última vez que nos vimos, ainda acerta o ponto da batata refogada e não deixa a carne queimar. Ainda assim ela vai ao mercado todos os dias e leva sua Poodle para passear. Se aquela minha alemã miudinha consegue, por que eu não iria conseguir? Era só um dia, diferente dela, que está condenada a viver sem ver com certeza o mundo ao seu redor até o seu último dia, parece bem mais complicado.
Uma vez, meu pai me disse que pouco antes da cirurgia que tirou a visão da minha avó, os dois conversaram sobre o assunto, e a resposta dele quando ela perguntou "e se algo der errado lá?" foi: - Tudo bem mãe, a senhora sempre enxergou com os olhos da alma.
E ele simplesmente resumiu toda a minha discussão sobre o assunto, é esse o motivo pelo qual ela continua fazendo tudo como se não houvesse nada a impedindo, no seu ponto de vista, nada mudou, o jeito que ela vê o mundo é o mesmo.
Na hora, eu não pensei nisso, acho que ainda não aprendi a ver uma segunda-feira com os mesmos olhos que minha avó e procurei a solução mais rápida e simples para o meu problema do momento. Logo a onda de mau-humor foi embora junto com a vermelhidão do meu olho, assim que algumas gotas de colírio fizeram efeito. Uma pena eu não ter feito essa reflexão sobre o modo como vemos o mundo antes, mas acho que o problema mora aí, a gente percebe que perdeu uma grande sacada quando o momento passa. Será que passou? Ainda não vi, não pinguei o colírio hoje...
Logo eu, que gosto tanto de ter certeza de tudo ao meu redor, estava conseguindo distinguir pouquíssimas coisas que aconteciam.
Lembrei então da minha avó que, com 80 anos, perdeu boa parte da visão "graças" a uma cirurgia mal feita, e agora, confunde os membros da nossa família com uma facilidade tremenda, uma junção entre a idade que avançou e a visão que regrediu.
Ainda assim, com uma porcentagem incrivelmente grande da visão comprometida, ela consegue saber que eu engordei muito desde a última vez que nos vimos, ainda acerta o ponto da batata refogada e não deixa a carne queimar. Ainda assim ela vai ao mercado todos os dias e leva sua Poodle para passear. Se aquela minha alemã miudinha consegue, por que eu não iria conseguir? Era só um dia, diferente dela, que está condenada a viver sem ver com certeza o mundo ao seu redor até o seu último dia, parece bem mais complicado.
Uma vez, meu pai me disse que pouco antes da cirurgia que tirou a visão da minha avó, os dois conversaram sobre o assunto, e a resposta dele quando ela perguntou "e se algo der errado lá?" foi: - Tudo bem mãe, a senhora sempre enxergou com os olhos da alma.
E ele simplesmente resumiu toda a minha discussão sobre o assunto, é esse o motivo pelo qual ela continua fazendo tudo como se não houvesse nada a impedindo, no seu ponto de vista, nada mudou, o jeito que ela vê o mundo é o mesmo.
Na hora, eu não pensei nisso, acho que ainda não aprendi a ver uma segunda-feira com os mesmos olhos que minha avó e procurei a solução mais rápida e simples para o meu problema do momento. Logo a onda de mau-humor foi embora junto com a vermelhidão do meu olho, assim que algumas gotas de colírio fizeram efeito. Uma pena eu não ter feito essa reflexão sobre o modo como vemos o mundo antes, mas acho que o problema mora aí, a gente percebe que perdeu uma grande sacada quando o momento passa. Será que passou? Ainda não vi, não pinguei o colírio hoje...
12 de fev. de 2014
O COMEÇO DO FIM
Terceiro ano do ensino médio chegou um ano atrasado, mas finalmente chegou.
Lembro que quando estava na sexta ou sétima série, queria logo que o fim de tudo chegasse, queria me formar, usar as camisetas legais que o "terceirão" usava, fazer o dia D, o dia da troca e todos os blá blá blás, achava tudo isso incrível e super divertido.
E então aqui estou eu, há apenas algumas horas do meu primeiro dia no último ano do ensino médio e toda aquela ânsia que durante anos eu carreguei para que esse dia chegasse, sumiu.
Acho que devo uma pequena confissão para o meu passado: Eu estou sim animada.
Não de um jeito desesperado, de um jeito... Sóbrio.
Posso dizer que estou animada pela conclusão de uma etapa importante mas, mais do que isso, estou animada pelo o que esse ano representa. As portas de colégios se fecharão (por um lado um "ufa!" aliviado de quem passou 90% dos últimos anos da vida estudando, por outro um "poxa..." sem ingenuidade, de quem deixou a criança pra trás e os recreios também)
Tudo isso é uma forma de liberdade, matemática virará opção em breve, na mesma hora em que as línguas virarão prioridade, formando o caminho mais lindo pra felicidade.
É o fim da que foi a melhor fase da minha vida. Cresci tanto nesses últimos três anos, amadureci horrores, conheci pessoas incríveis, fiz amizades maravilhosas, as quais quero levar comigo pra sempre e aprendi demais.
Por fim eu digo, sem problemas desta vez, são um pouco mais de 200 dias para preparar o coração e as malas pra esta despedida que resultará em um mundo novo, cheio de novas experiencias e novas "melhores fases'' da vida.
5 de fev. de 2014
A BAGAGEM
"A bagagem que ultrapassar o limite de peso será considerada excesso. Ela pode ser transportada, só que pagará separadamente por isso." foi o que eu li no site de uma empresa área.
Como seria se fossemos cobrados para transportar nossa história e nossas lembranças? Será que seríamos mais seletivos com relação a o que vai e o que fica?
Com certeza todas as lembranças ruins e tudo que nos entristece seriam os primeiros a serem descartados, afinal, de que seria útil levarmos a diante algo que nos faz mal? Foi pensando nisso que comecei a fazer uma pequena lista mental de coisas que sem sombra de dúvida eu pagaria algo a mais para levar para sempre comigo.
No final dessa lista eu percebi, todos os itens, sem exceções, diziam a respeito da minha família.
No final dessa lista eu percebi, todos os itens, sem exceções, diziam a respeito da minha família.
Achei graça... Com um mundo de opções, com aproximadamente dezoito anos de lembranças, nas que mais me marcaram, eu estava cercada pelas mesmas pessoas de sempre.
Minha família é grande, são cinco tios, sete primos, quatro gatos e três cachorros, além dos meus avós, meu irmão e meus pais. Como toda a família, logicamente temos as nossas desavenças, mas nunca houve um momento em que negássemos amparo um ao outro. Me orgulho disso de fazer parte dessa bagunça organizada que somos e de, principalmente, ter todos eles em minhas memórias preferidas.
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