1 de mai. de 2013

S.

Ano passado, eu conheci uma garota. (Vou chama-la de S. enquanto estiver contando essa história.)
A S. é o tipo de garota que todas as outras odeiam. S. é linda, de um modo até meio ofensivo para as outras pessoas do mundo. Ela é loira, alta, tem olhos azuis, um sorriso lindo com dentes perfeitamente brancos e alinhados, um corpo que dispensa comentários e, para fechar o pacote, tem covinhas nas bochechas. A S. já chama a atenção naturalmente, mas, não satisfeita com isso, ela ainda anda cheia de amigos para todos os lados, tem uma risada um tanto quanto alta e escandalosa, sempre, eu disse SEMPRE, está com algum garoto por perto e aparenta ser confiante e muito feliz. 
Confesso que fazia parte da facção de odiadoras da S. e, se fosse escrever esse texto há alguns meses atrás, poderia até listar 34 motivos pelos quais eu não gostava dela. 
Porém, nessa exata noite de segunda-feira, enquanto escrevo esse texto, eu só consigo pensar em um motivo: Eu não a conhecia.
Eu e S. temos alguns amigos em comum, minha melhor amiga e ela, por exemplo, são bastante próximas, o que acabou me aproximando dela também, por tabela.
O ponto onde quero chegar é o seguinte... Em uma certa manhã, vi a S. sentada sozinha, em um canto da cafeteria de onde estudamos, achei estranho e me aproximei para conversar. Ela estava chorando.
Confesso que no fundinho, senti uma certa felicidade de ver a cara dela borrada de maquiagem e perceber que "Oh meu Deus, ela é normal!!!", mas foi passageiro, meu coração mole me fez abraça-la e perguntar logo o que estava acontecendo.
S. cansou de ser S. e, em prantos, ela me contou tudo que estava acontecendo. Disse sobre sua relação difícil com seus pais, sobre como é complicado saber se os garotos estão com ela porque realmente há sentimento, ou porque querem apenas sexo e que ela não é tão feliz e confiante quanto parece, tem problemas com a alimentação e por muito tempo sofria de depressão por não ter nenhum amigo.
Me senti mal pela S. e lembrei de todos os comentários maldosos que já ouvi e, confesso, fiz a respeito dela.
O principal problema disso tudo, é que julgamos sem conhecer, acreditamos no que uma imagem e uma aparência nos passa, o que nem sempre corresponde à realidade.
Ainda citando a S. como exemplo disso. Se estivesse escrevendo esse texto há alguns meses atrás, não poderia terminar contando que S. e eu agora somos amigas, do tipo confidentes, do tipo que chora junto, canta junto, ri junto... Do tipo que faz eu me arrepender de ter passado tanto tempo na ignorância de acreditar em aparências.

Um comentário:

  1. Ju, e o pior é termos que admitir que a maioria dos julgamentos são precipitados... Ju, com tempo, deixe sua impressão no http://jefhcardoso.blogspot.com Terei um imenso prazer se você me visitar.

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