A rodoviária de Curitiba estava caótica no último domingo. Eram ônibus atrasados, pessoas estressadas, muita gente junta e no meio de tudo, eu, apenas esperando a hora que aquilo iria acabar.
Sempre gostei de viajar a noite, não sei se são os desenhos que as sombras das luzes dos fários fazem no asfalto ou o fato de que as noites são longas e me dão mais tempo para pensar, mas algo no meio disso tudo me encanta.
Estava frio e, depois de três horas de espera, assim que escondi meu queixo no cachecol, me sentei na poltrona do ônibus e fiquei olhando para aquele cenário que mais se assemelhava ao de uma guerra.
De repente eu me conformei e de uma certa forma até me confortei com aquela situação, afinal eu também tinha acabado de passar por um período de guerra, uma guerra interna, mas não deixa de ser guerra.
Sentia toda aquela confusão dentro de mim. Aquele monte de gente sem saber para onde ir, qual caminho tomar para chegar ao destino que queriam, eram como eu. Eu estava ali sozinha, exatamente como estava quando lutei por algo que já não existia mais, foi no meio daquela bagunça toda que eu me dei conta que sou um campo pós-guerra, marcado por uma batalha longa e que resultou no fim de tudo que eu acreditava.
Talvez não seja tão ruim assim, quero dizer, quantas coisas já foram construídas em cima de campos de batalha?
O problema talvez esteja na memória, quase como viver em uma casa moderníssima que foi construída em cima dos destroços de uma guerra, é tudo sobre conviver com os fantasmas (dessa vez não tão camaradas).
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