20 de nov. de 2014

ABOLIÇÃO DA ESCRAVIDÃO

Sempre fiquei imaginando como foi o dia da abolição da escravidão no Brasil.
Tenho certeza que na minha imaginação, as coisas foram bem mais bonitas, e talvez menos tristes.
Quero dizer, eu não duvido que, naquela época, os escravos tenham ficado felizes e tudo mais, mas convenhamos que eles estavam em uma situação delicada.

Ok, admito que este não foi o melhor exemplo que eu poderia ter dado, mas foi o que mais se aproxima da realidade atual da minha vida: O ensino médio acabou.
Sim, anjos descem dos céus, tocando clarinetes, arpas, guitarras, baterias e todos os outros instrumentos musicais possíveisFazemos uma festa, dançamos, nos abraçamos e eles sobem novamente <prometo que os exemplos ruins param por aqui, mas realmente, a sensação final é de estar abraçando um milagre divino>.

Iniciei o texto que quebra o hiatus do blog falando sobre a abolição da escravidão porque o meu primeiro sentimento com relação ao fim das aulas foi esse, eu me senti livre de verdade, o que durou pouco, mais ou menos meia hora, até eu chegar em casa e ouvir uma música em que o Leoni canta o seguinte verso: O que você pensou que era o final / É só o inicio do caminho. 

Pronto, bastou isso pra que a euforia da suposta Lei Áurea acabasse.
Leoni estava corretíssimo, não era o fim, não era abolição total, era na verdade o começo do resto da minha vida, por mais piegas que isso soe, acho que no final das contas é sempre assim, principalmente depois de um ciclo tão longo, como foi o período do colégio.

Nos últimos dias, eu, a matéria atrasada, os cadernos e apostilas notamos que nossa relação já estava saturada, estava mais do que na hora de aquilo tudo acabar. Não me entendam mal, foi divertido, foi bom enquanto durou, vou levar lindas lembranças dos últimos anos mas acabou.

Ou começou?

30 de abr. de 2014

O JUÍZO

Meu dente do siso começou a nascer dois dias depois de eu ter completado dezoito anos, neste último final de semana, e toda a felicidade que eu estava sentindo deu lugar a uma dor irritante e insuportável.
Chorei, fiquei brava, xinguei minha pobre dentista inúmeras vezes sem saber o que estava acontecendo (fica aqui meu pedido de desculpa para Dra. Cleusa, sei que não foi fácil me suportar) até que, na tarde de segunda-feira, me deram parabéns e boas-vindas a vida adulta: Meu "dente do juízo" está se formando.
Chatisse - foi a primeira coisa que pensei. Quem disse que é um dente que me trará juízo? Ou melhor, quem foi que disse que eu já não tenho juízo?
Talvez essa ultima pergunta seja respondida por inúmeros atos dos últimos dezoito anos que não vem ao caso nesse momento mas, querendo ou não, foram perguntas que martelaram em minha cabeça em meio a uma noite de insonia causada por esse dente.
Levantei as três da manhã e fui procurar saber porque isso tudo acontece, descobri que o siso é uma coisa extremamente desnecessária em tempos modernos, a dor é causada por uma questão de falta de espaço e leva esse nome que tanto me incomoda por "despontar" no inicio da fase adulta, quando, teoricamente, criamos o tal juízo.
Por fim, eu tomei alguns remédios para aliviar a dor e estou e stand-by para finalmente tirar isso de mim, não me levem a mal, mas não acho justo com minha independência, que acabou de começar, já ser presa por esse maldito siso que não foi nem um pouco bem-vindo.

23 de abr. de 2014

PARA O MEU CLÁSSICO

Olá, estranho.
Soa engraçado que, depois de 366 dias (completos nessa quarta-feira que se iniciou chuvosa), eu só saiba o seu nome?
Queria não falar sobre isso hoje, mas é difícil, afinal, somos nós, é pano pra manga que não acaba mais, mas disso só a gente sabe. 
O que eu queria te dizer é que eu tô bem, acho que depois de tanto tempo eu finalmente entendi que você não era a solução, você só era a parte bonita do problema, aí fazia tudo parecer mais fácil quando estava por perto. 
Ontem eu lembrei de você, li uma frase que resumiu todo esse nosso último ano: 
"Tem tudo pra dar certo, mas a gente só sabe fazer dar errado."
A gente fez tudo errado, desde o principio até aquele último abraço sem jeito. Nós fomos uma montanha russa, daquelas que dão o melhor tipo de frio na barriga no começo, mas depois assustam, assustam porque na verdade, você não espera cair, sempre tem aquele pingo de esperança que a brincadeira vai ser só uma subida infinita, mas não é, e quando o primeiro carrinho caí, o resto vai junto, é pura física. 
Então a física fez seu papel, o destino também e tudo que estava indo direito, de repente, numa curva acentuada e mal sinalizada, foi para esquerda e assim a gente se perdeu. 
Eu e você não éramos mais nós, e pouco tempo depois, você virou vocês. Virastes plural e eu me reservei no singular, quando penso nisso, sinto uma parcela de culpa, as crônicas/contos/cartas agora parecem um incomodo, aquela coisa chata que te puxa pra um passado que você não se importa mais e não quer mais viver.
Mas você se lembra aquela coisa de "se você pula, eu pulo" do filme Titanic? É difícil resistir, é um clássico, clássicos valem a pena serem lembrados, assim como você. 

16 de abr. de 2014

ABSTINÊNCIA CRIATIVA

Achei que tinha desaprendido a escrever, parecia que tudo me passava a cabeça mas nada ficava, até que ouvi, no meio de uma discussão, a seguinte frase:
O teu problema é que você escreve de mais.
Não vem ao caso agora o motivo real dessa discussão, mas uma coisa levou a outra e tudo acabou sendo sobre eu me expressar melhor com a escrita do que com a fala, o que é, sem sombra de dúvidas, pra quem me conhece, um fato.
Logo depois desse episódio, fiquei vinte e três longos dias sem conseguir criar nada, comecei então a inventar desculpas para isso, culpei a falta de tempo, o final de semana conturbado, a matéria atrasada, mas nada disso justificou.
Escrevi de menos pra ver se o problema diminuía, mas obtive o efeito contrário, um novo problema nasceu, cultivei um bloqueio criativo.
Percebi que perdi 552 horas úteis, poderia ter escrito um livro, um poema, uma frase, mas não fiz nada, n-a-d-a, saldo zero, chorei, esperneei, rezei, tomei banho com sal grosso, corri, ouvi música, vi filmes, mas nada acendia a luz no fim do túnel, todos os dias eu pegava um papel e uma caneta, escrevia "talvez o problema seja" e não saia mais nada, e depois de muito insistir, lembrei que há tempos atras tinha lido em algum lugar que persistir em algo que não está funcionando no momento é como calçar sapatos apertados: machuca (e muito).
A falta de inspiração, que segue este mesmo caminho, me fez recorrer a antigos assuntos, quis escrever sobre meus antigos amigos, sobre a minha falecida avó e sobre meu ex-namorado, quis até calçar aquela Melissa de número 36 que está guardada no guarda-roupa por nenhum motivo especial, quis formar calos e expor feridas que já tinham cicatrizado, decidi que o melhor mesmo era ficar descalça e esperar, um bom vento traria a escrita de volta para mim.
Foi o que aconteceu, o frio e a escrita voltaram juntos pra mim, eu vesti minhas meias e minha pantufa e, de repente, foi como se os últimos dias não tivessem existido, tudo fluiu, o problema, finalmente acabou.

26 de mar. de 2014

"E SE..."

Humberto Gessinger uma vez me deu a melhor definição disso: três letras, uma eterna pulga atrás da orelha. O "E se" é uma usina criadora de fantasmas inevitáveis.
E se eu não tivesse atendido aquele telefonema de madrugada que mudou minha vida?
E se não tivessem regravado a música do Frejat e transformado ela em um sertanejo de gosto duvidoso?
E se eu tivesse aprendido a falar mais devagar e digitar com mais atenção, por acaso faria alguma diferença?
É impossível não pensar nos caminhos alternativos que a vida poderia ter seguido. 
E se minha mãe tivesse se atrasado ou, por algum outro motivo, não conseguisse pegar o ônibus com meu pai na noite em que eles se conheceram, há trinta anos atrás? Aonde eu estaria?
As vezes acho tão injusto pensar que haviam 10.001 destinos por aí, e a gente pode escolher só um, o que acontece com os outros 10.000?  Em uma teoria completamente patenteada por mim, eles deveriam virar pontos. 
Algo como créditos positivos no caso da escolha de destinos errados. Mas aí que está o problema: como julgar se o destino foi errado ou não? Só depois de ter seguido boa parte de caminho que o julgamento poderia ser feito, afinal, a gente só deve falar com propriedade de algo que conhecemos de fato, caso contrário, é credibilidade jogada fora.
Como já comentei aqui, facilitaria a vida, se o rumo certo, o caminho mais curto fosse sinalizado, quase como se o GPS gritasse "para ser feliz, siga por 20km em linha reta e depois vire a direita", como se houvesse luzes piscando ou uma grande placa com flechas e um letreiro enorme que diria "É ESSE!!".
Mas qual seria a graça? E se, por isso, não existissem problemas? E se a gente perdesse toda a diversão, o poder de escolha e a liberdade de errar? 
Meus fantasmas se recusam a me responder, fico então me perguntando: E se eu, amanhã ou depois, notar que esse não foi o destino certo? Será que após dezoito anos, meus créditos para mudança de destino emergencial ainda estão válidos?

19 de mar. de 2014

FALTA DE ATENÇÃO

Creio que, por dia, milhares de pessoas saem de casa usando chinelos de dedos, e se existe a mais remota chance de UMA destas pessoas, por acidente, pisar em falso e acabar com um dedo quebrado por conta disso, esta pessoa sou eu.
Milhões de pessoas fazem brigadeiro de panela em suas casas se, por obra do destino, alguém obter queimaduras de segundo grau por, absolutamente sem intenção, derramar o doce quente em sua mão, esse alguém sou eu.
Inúmeras pessoas perdem suas carteiras com sua documentação e, por conta disso, necessitam fazer um B.O... Se existe uma boa alma, desprovida de toda e qualquer atenção existente, é capaz de necessitar fazer esse procedimento por 5 vezes, esta sou eu.
Durante algum tempo, eu associei esses acontecimentos à falta de sorte, mas ai caí na real, a culpa não é das estrelas, é minha. 
Sempre fui desatenta, o que por muitas vezes irrita meu pai perfeccionista e diverte minha mãe super-organizada, é um ponto de equilíbrio bom para a nossa casa.
Tropeços e hematomas vindo de não-sei-onde acontecem com uma frequência assustadora, o que me obrigou a fazer um kit de primeiros socorros e o manter sempre na bolsa... O perdi também. 
O problema é que me acomodei tanto com isso que já não me incomoda de jeito nenhum, evito ao máximo objetos pontiagudos, quina de móveis e até escadas rolantes (por precaução mesmo, a gente nunca sabe o que pode acontecer...)
"Desastrada" virou meu melhor adjetivo, embora eu ache muito pejorativo, é o melhor jeito de dizer que não sei seguir caminhos tortos, ou é linha reta, sem nada atrapalhando, só eu e meus problemas, ou não dá. 
Logicamente sobrevivo, mas conto com a ajuda dos pontos/queimaduras/ossos quebrados para contar a história. 

12 de mar. de 2014

"SOLIDÃO"

Ser sozinha é diferente de estar sozinha, isso é algo necessário de se manter sempre em mente.
Às vezes, como todo o mundo, me vejo cercada de gente e me sinto só, parece que todo o vazio das pessoas à minha volta me preencheu, não cabe mais nada, só solidão.
Quando eu era menor, tinha muitos amigos e todos eles faziam parte de um mesmo grupo, andávamos sempre juntos mas, quando cresci, devido à inúmeros fatores, nós nos distanciamos, e depois disso, nunca mais consegui manter um grande grupo de amizades, algo sempre atrapalhava em algum ponto e nos separávamos.
No meu atual (e pequeno) grupo de amigos próximos, eu me dei conta que sou a única garota solteira, mas espera aí, eu deveria me sentir mal por isso? Em ano de vestibular, essa deveria ser minha prioridade?
Uma vizinha esta semana me perguntou como era possível eu não ter um namorado, o que meus pais achavam disso? Eu não estava preocupada? Ficar sozinha não me apavora?
Achei graça, a senhora do 201 certamente não sabia a diferença entre ser/estar, e naquele passeio de elevador apressado no meu tempo entre o almoço e o cursinho, eu não tinha paciência para tentar fazer com que ela entendesse que de fato estou, mas não sou, isso soa até engraçado.
As pessoas me apontam com tanta certeza o caminho que eu deveria seguir, e se vêem tão decepcionados quando eu não os sigo, talvez elas não vejam o principal problema, se esquecem dos detalhes mais importantes de toda essa história: eu e as minhas vontades.

5 de mar. de 2014

UM TCHAU

Cansei de escrever sobre fins e começos por aqui, mas desta vez não tem como fugir.
Nesta sexta-feira uma fase vai chegar ao fim. Foi algo que durou mais de um ano, e será "destruído" em poucas horas, ou será que não?
É engraçado como o sólido facilmente se desfaz em nossa frente mas o significado por trás dele fica, é como o World Trade Center, demorou cerca de seis anos para ser construído, foi ao chão em menos de 2 horas, e mais de dez anos depois, o local ainda guarda marcas e memórias do acontecido.
O meu período de estágio no banco, não foi nem um pouco fácil, todos os 518 dias foram como novos desafios, uma troca justa, eu dei o melhor de mim e recebi em troca muito aprendizado, coisas além do ambiente bancário, aprendi a trabalhar com uma equipe e mesmo assim, aprendi a ter independência e "peito" pra bater de frente por aquilo que eu achei certo durante todo esse tempo. 
Um pedaço de papel formalizava e fazia por sólio o trato que era verbal, uma troca de favores além de qualquer contrato, uma questão de cumplicidade que o tempo fez questão de formar, uma equipe enorme que tomou enorme tempo e dedicação. 
Conheci muita gente nesse meio tempo, vi muita gente chegando, muita gente indo embora, muita gente que ama o que faz e muita gente que apenas precisava estar lá, aprendi a lidar bem com idas e vindas e a usar minhas máscaras sociais, aprendi a ter calma e me colocar no meu lugar e também, uma coisa que considero importante demais, aprendi a lidar com as pessoas. 
Numa tarde quente de novembro, eu passei pela porta giratória pela primeira vez, e não tinha ideia da proporção que iria tomar. Eu não fazia ideia que aquilo ia mudar quem eu sou, mas olha só, quem diria... 
O contrato quebrou, tudo foi acertado e um bolo depois do expediente vai por fim no período que mudou minha vida para sempre, e o que restou?
Restou a certeza de que a minha cadeira não vai ficar vazia, logo alguém com a mesma sorte que eu tive, viverá tudo isso, toda a intensidade do horário aberto ao público e toda a magia por trás das 16h, quando até a gerente mas malvada, se rende à risadas. 
Pra acabar isso de um jeito certo, eu quero muito agradecer. Eu sei que não foi fácil pra ninguém lá dentro, é difícil se adaptar e ter paciência com os novatos (sei bem disso), mas quem trabalhou comigo fez um trabalho incrível, tenho muito orgulho de dizer que trabalhei no banco com as melhores taxas (fica aí o merchan). Deixo meu MUITO OBRIGADA a quem caminhou comigo e me deu a direção do caminho das pedras, sem vocês eu já teria desistido à algum tempo atrás e aí, talvez sim, teríamos um problema.

27 de fev. de 2014

O TESTE

O ano letivo mal começou e eu já perco as contas de quantas vezes ao dia ouço a palavra "vestibular".
Embora eu já tenha tenha certeza da minha área de interesse, resolvi fazer um teste vocacional. Recebi a resposta por e-mail hoje de manhã, no princípio sobre coisas que eu já sabia, minha facilidade com as ciências humanas e firmando que exatas está longe de ser uma opção de carreira mas, algo ao final daquela resposta me chamou a atenção.
"Por fim, analisando suas respostas, Srta. Juliana, nos cabe fazer uma pequena observação:
É necessário proteger-se contra a tendência de confiar demais em seus instintos, uma vez que julga estar sempre sujeita a ser incompreendida e/ou explorada por terceiros. Importante continuar procurando uma união de intimidade tranquila/compreensiva com o que se faz, para que possa haver perfeito entrosamento.
Seu principal problema é a ansiedade e a insatisfação continua, seja com as circunstâncias do momentos ou com exigências emocionais irrealizadas, isso é o que te provoca tensão. Ao invés de procurar fugir, ocultando sua insatisfação por trás de uma afirmação orgulhosa, porém ilusória de independência, aproveite de sua aptidão para entender o funcionamento racional humano para resolver pendencias"
Em dezoito anos, sempre foi difícil falar sobre mim mesma, me descrever é um dos maiores desafios, porém, um desconhecido que se baseou em 19 respostas conseguiu fazer isso em oito linhas, uma boa média.
Talvez meu principal problema seja mesmo a ansiedade, ou talvez seja o modo como eu lido com ela, isso ainda não sei dizer, quem sabe num dia desses eu descubra... Caso contrário respondo o tal e-mail com algo parecido com "Por favor, me conte mais sobre mim, gostei de saber tanto ao meu respeito."

19 de fev. de 2014

A CONJUNTIVITE

No domingo a noite, tudo ia muito bem, até que uma conjuntivite horrível resolveu me visitar. Segunda-feira, quando acordei de manhã, não conseguia enxergar nada que acontecia do lado direito do (meu) mundo, e não demorou muito para uma onda de mau-humor invadir minha praia.
Logo eu, que gosto tanto de ter certeza de tudo ao meu redor, estava conseguindo distinguir pouquíssimas coisas que aconteciam.
Lembrei então da minha avó que, com 80 anos, perdeu boa parte da visão "graças" a uma cirurgia mal feita, e agora, confunde os membros da nossa família com uma facilidade tremenda, uma junção entre a idade que avançou e a visão que regrediu.
Ainda assim, com uma porcentagem incrivelmente grande da visão comprometida, ela consegue saber que eu engordei muito desde a última vez que nos vimos, ainda acerta o ponto da batata refogada e não deixa a carne queimar. Ainda assim ela vai ao mercado todos os dias e leva sua Poodle para passear. Se aquela minha alemã miudinha consegue, por que eu não iria conseguir? Era só um dia, diferente dela, que está condenada a viver sem ver com certeza o mundo ao seu redor até o seu último dia, parece bem mais complicado.
Uma vez, meu pai me disse que pouco antes da cirurgia que tirou a visão da minha avó, os dois conversaram sobre o assunto, e a resposta dele quando ela perguntou "e se algo der errado lá?" foi: - Tudo bem mãe, a senhora sempre enxergou com os olhos da alma.
E ele simplesmente resumiu toda a minha discussão sobre o assunto, é esse o motivo pelo qual ela continua fazendo tudo como se não houvesse nada a impedindo, no seu ponto de vista, nada mudou, o jeito que ela vê o mundo é o mesmo.
Na hora, eu não pensei nisso, acho que ainda não aprendi a ver uma segunda-feira com os mesmos olhos que minha avó e procurei a solução mais rápida e simples para o meu problema do momento. Logo a onda de mau-humor foi embora junto com a vermelhidão do meu olho, assim que algumas gotas de colírio fizeram efeito. Uma pena eu não ter feito essa reflexão sobre o modo como vemos o mundo antes, mas acho que o problema mora aí, a gente percebe que perdeu uma grande sacada quando o momento passa. Será que passou? Ainda não vi, não pinguei o colírio hoje...

12 de fev. de 2014

O COMEÇO DO FIM

Terceiro ano do ensino médio chegou um ano atrasado, mas finalmente chegou.
Lembro que quando estava na sexta ou sétima série, queria logo que o fim de tudo chegasse, queria me formar, usar as camisetas legais que o "terceirão" usava, fazer o dia D, o dia da troca e todos os blá blá blás, achava tudo isso incrível e super divertido. 
E então aqui estou eu, há apenas algumas horas do meu primeiro dia no último ano do ensino médio e toda aquela ânsia que durante anos eu carreguei para que esse dia chegasse, sumiu. 
Acho que devo uma pequena confissão para o meu passado: Eu estou sim animada. 
Não de um jeito desesperado, de um jeito... Sóbrio. 
Posso dizer que estou animada pela conclusão de uma etapa importante mas, mais do que isso, estou animada pelo o que esse ano representa. As portas de colégios se fecharão (por um lado um "ufa!" aliviado de quem passou 90% dos últimos anos da vida estudando, por outro um "poxa..." sem ingenuidade, de quem deixou a criança pra trás e os recreios também)
Tudo isso é uma forma de liberdade, matemática virará opção em breve, na mesma hora em que as línguas virarão prioridade, formando o caminho mais lindo pra felicidade. 
É o fim da que foi a melhor fase da minha vida. Cresci tanto nesses últimos três anos, amadureci horrores, conheci pessoas incríveis, fiz amizades maravilhosas, as quais quero levar comigo pra sempre e aprendi demais.
Por fim eu digo, sem problemas desta vez, são um pouco mais de 200 dias para preparar o coração e as malas pra esta despedida que resultará em um mundo novo, cheio de novas experiencias e novas "melhores fases'' da vida. 

5 de fev. de 2014

A BAGAGEM

"A bagagem que ultrapassar o limite de peso será considerada excesso. Ela pode ser transportada, só que pagará separadamente por isso." foi o que eu li no site de uma empresa área. 
Como seria se fossemos cobrados para transportar nossa história e nossas lembranças? Será que seríamos mais seletivos com relação a o que vai e o que fica?
Com certeza todas as lembranças ruins e tudo que nos entristece seriam os primeiros a serem descartados, afinal, de que seria útil levarmos a diante algo que nos faz mal? Foi pensando nisso que comecei a fazer uma  pequena lista mental de coisas que sem sombra de dúvida eu pagaria algo a mais para levar para sempre comigo.
No final dessa lista eu percebi, todos os itens, sem exceções, diziam a respeito da minha família.
Achei graça... Com um mundo de opções, com aproximadamente dezoito anos de lembranças, nas que mais me marcaram, eu estava cercada pelas mesmas pessoas de sempre. 
Minha família é grande, são cinco tios, sete primos, quatro gatos e três cachorros, além dos meus avós, meu irmão e meus pais. Como toda a família, logicamente temos as nossas desavenças, mas nunca houve um momento em que negássemos amparo um ao outro. Me orgulho disso de fazer parte dessa bagunça organizada que somos e de, principalmente, ter todos eles em minhas memórias preferidas.



29 de jan. de 2014

ARREPENDIMENTO

Ontem me perguntaram se eu me arrependo de ter reprovado um ano no colégio.
Confesso que não fico pensando muito nisso, claro que bate uma tristezinha, algo do tipo "poxa, eu poderia estar na faculdade agora..." mas me conforto com  a certeza de que em um mundo paralelo, um de meus fantasmas estudou para aquela última prova de química e passou pela oitava série sem muito drama, ao contrário do que eu fiz.
Logicamente que a Juliana da época não pensou nisso, aliás, até hoje não consigo entender porque a Juliana da época fez tudo, menos pensar.
Não sei se é porque estou mais velha, mas hoje em dia penso muito mais nos efeitos colaterais dos meus atos do que pensava antigamente.
Hoje está fora de cogitação reprovar um ano no colégio, e arrependimentos são evitados ao máximo.
Minha mãe sempre me diz: Se arrependa do que fez, não do que não fez - talvez como um estimulo para que eu abrace todas as oportunidades e não pense demais nelas, talvez só alguma frase bonita que ela leu por aí.
Mas, por fim, eu decidi então que não vale a pena chorar pelo leite derramado, que águas passadas não movem moinhos e que o que passou passou. Ok, quem sabe não tenha sido eu quem decidiu isso tudo, mas adotar essa filosofia de vida foi realmente ideia minha.
Arrependimento não vale o tempo que se é gasto com ele, isso acho que a Juliana de antigamente, preguiçosa como sempre foi, sabia.
Pensar em arrependimento gera preguiça de desperdiçar o tempo com isso, e desse assunto, a Juliana de hoje que conta os minutos que perdeu dando um suspiro longo, entende bastante.
O problema do arrependimento é que ele remói os atos passados, expõe as feridas e explora os sentimentos mais ocultos, para um sábado chuvoso, no meio da tarde, pensar nisso pode ser reconfortante, mas em plena a quarta-feira, fica aqui meu muito obrigado, mas recuso esse tipo de flashback,

22 de jan. de 2014

RESPOSTAS

É engraçado, quando se tem 17 anos, parece que o mundo vai acabar se a resposta da sms não chegar.
Perdi a conta de quanto tempo perdi esperando o celular vibrar com respostas que nunca me foram dadas, e mais engraçado é que, mesmo assim, não sesso minha busca por elas. 
Há um tempo atrás eu achava que sempre poderia ter um 'porque' a mais e um 'por quê' a menos, agora acho o contrário, como já disse aqui, continuo achando que devem ser os questionamentos que movem o mundo, uma vez que as respostas nem sempre chegam, e quando chegam, nem sempre são as que esperamos. 
Uma coisa que sempre me irritou muito, desde pequena, foi o "Porque sim". Uma resposta genérica para perguntas que não se conhece ou não se quer dar a resposta. Marcelo Tas salvou minha infância, dizendo que "Porque sim não é resposta".
Depois de alguns anos, o porque sim foi substituido por um "sei lá" e deixou as coisas mais informais. Parei de esperar que minhas dúvidas fossem tiradas pelos outros, alias, parei de esperar qualquer coisa de terceiros, comecei a fazer as coisas por mim mesma e ir direto ao ponto, tirando a limpo toda e qualquer questão que me aparecesse. 
E posso dizer até aqui, tudo bem. 

8 de jan. de 2014

CHANCES

As vezes a vida pede segundas chances, as vezes ela exige mais delas.
O último retorno antes do pedágio nas BRs da vida é um exemplo disso, a última chance de voltar atrás antes de pagar pelos nossos erros, vendo de um ponto filosófico.
Ou algo assim, lembro que esse era o tema de uma dos meus primeiros textos, quando ainda estava descobrindo se tinha jeito ou não com as palavras.
De fato eu não tinha, lendo o texto hoje vejo quão truncado e sem sentido eles estava, mas de tanto tentar e insistir, acabei ganhando uma segunda chance e aqui estou, alguns anos depois, com 55 textos diferentes, uns melhores que os outro.
Voltando às placas, depois de todo esse tempo sem escrever sobre os retornos e sinalizações, fico pensando... A vida seria tão mais fácil se nos sinalizasse o rumo certo, o caminho mais curto.
Mas não, ela não direciona nem ilumina,da as chances necessárias, as vezes duas e as vezes mais, e o caminho? Esse a gente faz andando, sem pressa e pra sempre, como diria um cara que eu admiro muito.


1 de jan. de 2014

SERRA GAÚCHA

Estou terminando 2013 realizando um sonho, em viagem pela serra gaúcha, com destino final em Porto Alegre, por isso, minhas últimas horas deste ano serão em território gaudério, uma verdadeira honra.
Terminar feliz o ano que não foi tão feliz assim, é isso que eu vim procurar por aqui.
Mas isso não é sobre finais, é sobre começos.
Chove bastante na serra, quase como uma chance de ‘’lavar a alma’’ de quem precisa entrar com o pé direito no próximo ano, assim como eu.
Acredito que o ano todo gira em torno da energia que você descarrega (ou recarrega) no primeiro dia de Janeiro, então procuro sempre manter o pensamento positivo e faço todas as superstições possíveis, uso roupas novas, se estou na praia pulo sete ondas, como doze uvas etc, etc, etc...
O problema é a fé que se bota nessas tais superstições e as decepções que elas acarretam se não funcionam, na verdade, é aquele velho lance de ‘’fé cega e pé atrás’’. O equilíbrio entre elas, novamente, é a solução.

Nem oito, nem oitenta, quem sabe 365. 365 dias com oportunidades para encontrar esse equilíbrio, e que venha 2014, com novos problemas, novos ares e novos pontos de paz/equilibro.